terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Das coisas que a agência não conta.

Hoje eu acordei meio filósofa com vontade de escrever sobre o intercâmbio. Então aqui vai: 

Uma coisa que todo mundo sabe quando se candidata para o intercâmbio de Au Pair é que a sua vida nunca mais será a mesma. Mas a gente mal sabe quanto que ela vai mudar a partir do momento que a gente resolve ir conhecer uma agência e saber mais sobre o intercâmbio. 

Quando a gente vai assistir a palestra, a coisa que mais me vem à cabeça é como eles vendem o programa pra gente. Um sonho, uma oportunidade de viver o sonho americano que cresceu dentro de nós por causa dos filmes da sessão da tarde. Nos vendem como uma comida suculenta, e nós, desde já desejando por essa comida, ficamos nos lambendo para viver essa experiência mágica. Desde o início sabemos do nosso salário, das 45 horas de trabalho semanais, do 1 dia e meio de folga por semana, das férias... mas o que nós não sabemos é o quão profunda essa experiência realmente é. 

Quando chegamos nos EUA, tudo parece ter saído de um sonho. Vemos os taxis amarelos em NY, conhecemos gente do mundo inteiro na semana do treinamento, e fazemos um tour (rápido, eu sei) mas inesquecível por NYC com pessoas que dizemos que serão nossas amigas para sempre. E a sensação é de que nós conhecemos essas pessoas desde que nascemos. E meio que é verdade, nos conhecemos desde que nascemos na América, desde que tivemos nossas primeiras impressões dessa terra. 

Ao chegar na host family, temos diversas impressões, como: o quão ruim é a culinária americana, como engordamos comendo aqui, como tudo é exagerado, como tudo é prático. Mas é também nas primeiras semanas com aquela família que nos acolheu que vai nos mostrando o outro lado do intercâmbio: a bipolaridade. 

Ao longo do programa, a bipolaridade nos acompanha 24 horas por dia. Se a gente achava que no Brasil éramos bicolores, é porque nunca tínhamos nos distanciado da nossa zona de conforto como o fazemos todo dia aqui. Amanhecemos morrendo de amores pelas kids, pelo país, pelo estilo de vida. Ao meio dia, queremos desesperadamente estar almoçando arroz, feijão, farinha e ovo com a família. Ao fim da tarde, estamos nos divertindo com as kids e os considerando nossos irmãos mais novos. À noite, só queremos sumir da casa da host family. 

Infelizmente, esse sentimento nos assombra dia e noite ao longo dos 1 ou 2 anos que passamos aqui. Ao longo do tempo, aprendemos a ignorar esses sentimentos e nos apegamos aos amigos e experiências que fazemos aqui. É interessante perceber como gastamos o nosso tempo livre com coisas bem diferentes aqui. Há fins de semana que nós só queremos sair, passear, explorar. Outros em que preferimos explorar a Netflix e passar o dia na cama. Mas mesmo essas atividades soando parecidas com o que fazíamos no Brasil, elas tem intensidades completamente diferentes. Há a saudade gritante do típico almoço de domingo com a família, do sentar para assistir os programas dominicais na TV ou de ir ao shopping só pra bater perna. 

São essas pequenas coisas que a agencia nao nos conta naquela palestra introdutória que assistimos antes de fechar o contrato. Eles nos avisam que será uma experiência incrível, mas palavras não são o suficiente para explicar o como esse ano nos muda por dentro e por fora. É triste que nossos amigos e familiares nao podem entender cem por cento do que nós sentimos, da montanha-russa de sentimentos que é estar sozinha (sim, não há como negar que estamos) em um país estrangeiro. Por mais que tenhamos amigos, eles também terão que ir embora, que cuidar de suas vidas por aqui. 

Estou entrando no meu décimo sexto mês de Estados Unidos, o décimo sexto com a mesma família, e vejo como as coisas mudaram em relaçao aos meus primeiros dias aqui. Hoje eu já nao tenho medo de dirigir em estrada, de dirigir o carro do meu host dad ou de ter que resolver algo no city hall sozinha. Se antes eu já era independente, hoje que eu não dependo de ninguém pra nada. Mas ao meso tempo, ainda tenho uma certa insegurança sobre o futuro, a final de contas, daqui a 7 meses eu terei uma nova aventura diante de mim: a aventura de voltar para o Brasil, de me tornar adulta e seguir em frente com a minha vida, com novos sonhos. 

O que eu quero dizer com esse texto é: as fotos, as postagens sobre viagens, compras, aventuras, nada traduz esse turbilhão de sentimentos que é ser Au Pair. Durante esse ano, nós somos conselheiras, babás, irmãs mais velhas, amigas, psicólogas, médicas e etc das nossas kids. Aprendemos a administrar problemas no trabalho, problemas muitas vezes mais complicados do que os que tínhamos nos nossos antigos empregos, afinal aqui nós moramos com os chefes. Se acontece algum desentendimento, temos que olhar um pra cara do outro todo dia, nao tem pra onde fugir. E se uma coisa que a agencia te diz que é verdade, é: esse intercâmbio te prepara para a vida. 

Se voce está lendo isso e pensa em fazer essa loucura, nao pense duas vezes: só vem. Essa aventura foi a melhor decisão da minha vida, e a cada dia ela me prepara para o que virá no futuro pra mim. 



domingo, 8 de janeiro de 2017

Resumo de Dezembro, Natal e Ano Novo!

Photo Booth de Natal 
Oi pessoal! Sei que eu sumi por um mês completo haha mas é assim mesmo. O tempo anda mais corrido e Dezembro é mês de holiday breaks, inverno chegando e etc. Mas chega de papo e vamos para o que eu fiz de bom nesse mês:

- Começamos o mês comemorando o Natal no cluster meeting. Não sei se eu já comentei aqui, mas em Larchmont tem muitas au pairs, entao existem 3 lccs. Elas se juntaram e fizeram um jantar com 'Secret Santa' para nós. Só que o Secret Santa foi mais Amigo da Onça, aquele que voce pode roubar o presente do colega, sabe? Foi meio chato porque a gente tinha um valor especifico pra dar e teve gente que comprou uma revista (!!!) ou M&M's (!!!) pra dar. Enfim, essa foi a prova de que existe gente inconsiderada em todos os países. 


Árvore de Natal de Larchmont - pequena haha 
- No início do mês também teve a cerimonia para ascender a árvore de Natal de Larchmont. Minha LCC sempre oferece umas Au Pairs para ajudarem na hora de dar hot chocolate, e eu me ofereci pra fazer isso. Sinto muita falta de fazer trabalho voluntário com a Igreja, e nesse dia foi legal poder reviver esses dias, mesmo que por apenas umas horas e numa friaca. Minha hosta foi com meus kiddos e os gêmeos resolveram me ajudar e distribuíram candy canes para as criancas no evento. É o que eu digo, o exemplo é o que ensina. 

Certificado e o reconhecimento de aluna esforçada haha 








- Em Dezembro também foi meu último dia de aula. Nesse dia, nevou a noite toda e quando eu acordei, tava tudo branquinho. Por incrível que pareça, a aula nao foi cancelada, entao lá vai eu limpar carro pra sair de casa. Foi a primeira vez que eu dirigi com neve, deu medinho porque meu carro não é bom pra isso, mas cheguei viva. Na aula, eu ganhei o certificado de reconhecimento de ser "melhor aluna." Fiquei super feliz, porque eu nunca perdi aula e sempre entreguei os homeworks. Que orgulho de ter o esforço reconhecido. 

- Nesse mês meus kiddos tiveram seus concertos de Natal. O mais velho teve o dele numa terça-feira e apenas eu pude ir. Mas foi bem legal, sempre me surpreendo com o talento das crianças daqui. O dos gêmeos foi na quarta pela manha. A apresentaçao deles foi bem pior, já que eles tem menos tempo pra praticar e sao muito mais inesperientes, Mas ainda assim, foi bem legal vê-los tocar. 

- Também fiz o meu ensaio de inverno. O dia que eu escolhi não tava programado pra nevar, mas nevou bem a noitinha. Dessa vez tirei foto no Rockefeller Center (onde fica a árvore do Esqueceram de Mim 2), na sexta avenida e no Bryant Park. Quando a gente terminou as fotos que começou a nevar e quando eu cheguei na estaçao de trem da minha town, o carro tava branquinho. 





Meu carro quando cheguei

- O Natal esse ano foi aqui em casa. Por mais que meus hosts sejam judeus, eles abriram as portas pra receber a mim e minhas amigas. Fizemos uma ceia meio brazuca e meio europeia (duas au pairs eram da europa). Tivemos peru, arroz, salpicão, uma massa da polônia q parecia muito com pastel e outras coisas que agora eu nao lembro. A Bruna e a Ciça (brazucas) trouxeram doce de leite (<3) e Panetone (<3). Comemos muito e no fim as meninas dormiram por aqui. Ah, e minha hosta ainda comprou um bolo de Papai Noel pra eu servir na festa. Mas eu sou gulosa e comi uma fatia antes hahahahaha 

o bolo antes de eu comer uma fatia 

Alemanha, Brasil x4 e Polônia

- O ano novo foi na casa da Desi, uma ex au pair que mora em Long Island. Meus fofos fizeram um brunch de ano novo/Hannukah aqui (e eu trabalhei) e a noitinha desci pra LI. Nem preciso dizer que a festa foi mara, né? Só au pair brazuca e 3 americanos (2 deles namorados de duas meninas lá). Tocou de Rouge até o funk mais da moda. Dormimos por lá e no outro dia todo mundo picou a mula. 

- Na primeira semana do ano, fomos pra um jogo de basquete. Dessa vez fui no jogo dos Knicks no Madison Square Garden. Como minha hosta consegue os ingressos no trabalho, ficamos em um lounge bem fancy da Lexus. Tinha comida e bebida a vontade. Apesar disso, eu começo a achar que eu sou pé frio quando vou nesses jogos. Ano passado, fui no dos Brooklyn Nets e eles perderam. Esse ano, os Knicks perderam também. Acho que eles deveriam me proibir de ir nesses jogos hahahah. Outra coisa bem legal que aconteceu nesse jogo, é que eles mostram as celebridades que estão assistindo ao jogo lá. Nesse jogo, estavam: Ron Howard (diretor), Cate Blanchett (atriz), 50 Cent (cantor) e outros que eu nao lembro/nao sao tao famosos. Mas eu achei bem legal e depois que descobri, me preparei pra tirar fotinhas do telão nessas horas. 

roubei o boné da kid

game time!

Cate Blanchett

50 Cent

- Vem nevando bem mais nesse inverno do que no ano passado. Até agora, já tivemos 3 neves (2 que deram umas 3 inches).
uma sexta de manha

ontem (sábado) depois de uma manha inteira nevando


- Pela primeira vez nos meus 1 ano e 4 meses de EUA eu fiquei doente. Fui numa Urgent Care e usei o seguro saúde pela primeira vez. Nao paguei nada e graças a Deus nao era garganta inflamada. Mas ainda assim fiquei ruim a semana toda (o médico me mandou tomar remédio pra dor e comer coisas macias). Sexta a noite fui na farmácia pq nao aguentava mais e comprei xarope pra tosse, agora que eu to começando a ficar boa. Mas foi uma semana bem difícil, eu doente e mesmo assim tendo que trabalhar. É nessas horas que a gente vê que a vida adulta não é fácil. 

Bom, esse foi meu mês de Dezembro e início de Janeiro. Agora estou na reta final do intercâmbio, mais 7 meses e tchau EUA. Vou continuar postando mensalmente, porque por enquanto nada muito diferente está acontecendo (realmente me acostumei com essa vida). Enfim, fico por aqui e agradeço desde já se você leu até aqui. <3